Regulação Emocional e TDAH em Adultos: Compreendendo os Limites e Conexões
- Cris Beckert
- 20 de mai.
- 2 min de leitura
A regulação emocional é a capacidade de reconhecer, compreender, modular e expressar emoções de forma adequada ao contexto, sem que elas dominem o comportamento ou prejudiquem relações e decisões. Essa habilidade é essencial para o bem-estar psicológico, a construção de vínculos saudáveis e o desempenho profissional e acadêmico.
No entanto, pessoas com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), especialmente na vida adulta, frequentemente apresentam dificuldades nesse domínio. Embora o TDAH seja tradicionalmente associado à desatenção, impulsividade e hiperatividade, os desafios emocionais também fazem parte do quadro — embora nem sempre sejam reconhecidos como tal.

Adultos com TDAH podem relatar:
• Explosões de raiva desproporcionais;
• Irritabilidade frequente;
• Frustração intensa diante de contratempos;
• Oscilações emocionais rápidas;
• Dificuldade em “desligar” de emoções negativas (ex: ruminação).
Esses sintomas não fazem parte dos critérios diagnósticos clássicos do TDAH, mas são altamente prevalentes e têm impacto funcional significativo. Muitos adultos com TDAH relatam que os aspectos emocionais são mais incapacitantes do que os sintomas centrais do transtorno.
Os sintomas de desregulação emocional podem se sobrepor ou ser confundidos com outros transtornos, como:
• Transtorno de personalidade borderline (TPB): devido à instabilidade emocional e reatividade intensa;
• Transtornos de humor: como depressão e transtorno bipolar, em razão das variações de humor e irritabilidade;
• Transtornos de ansiedade: pela tensão emocional e baixa tolerância ao estresse.
Essa sobreposição clínica pode levar a erros diagnósticos e tratamentos ineficazes. Por isso, uma avaliação cuidadosa é essencial para distinguir se os sintomas emocionais fazem parte do TDAH, são comorbidades reais ou uma combinação de ambos.
A avaliação neuropsicológica tem papel fundamental nesse processo, pois permite uma análise profunda das funções cognitivas e emocionais do indivíduo. Ela ajuda a:
• Identificar o perfil atencional e executivo;
• Avaliar os padrões de regulação emocional;
• Detectar ou excluir comorbidades psiquiátricas;
• Guiar estratégias terapêuticas mais eficazes.
Entender a regulação emocional como parte do TDAH adulto — e não apenas como uma comorbidade — é um passo importante para oferecer cuidados mais assertivos e humanizados. O reconhecimento dessas nuances pode evitar diagnósticos equivocados e melhorar significativamente a qualidade de vida dos pacientes.
Comentários